terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Locke


A contribuição de Locke para o desenvolvimento das ideais filosóficas foi ter empregado o seu talento como um "operário dos fundos, limpando o terreno e removendo parte do lixo que obstrui o caminho do conhecimento". Afirmando que tomou um lugar humilde ao lado "de mestres como o grande Huygenius e o incomparável Newton", Locke removeu o lixo que obstruía o caminho do conhecimento ao trazer para a cabeça da filosofia moderna o problema da epistemologia: como conhecemos. Deixamos a ele próprio a tarefa de investigar os limites do conhecimento para que os homens pudessem não perder a sua energia através de objectivos vãos:

"Se através desta investigação da natureza do entendimento, puder descobrir os poderes que aí residem, até onde podem alcançar, a que coisas são, em qualquer grau, adequados e onde são impotentes, penso que isso poderá ser útil para prevenir o espírito atarefado do homem a que seja mais cauteloso quando se ocupa de coisas que excedem a sua compreensão, a parar quando se encontra no extremo limite dos seus conhecimentos e a descansar numa ignorância tranquila daquelas coisas que, depois de examinadas, se descobre estarem para lá do alcance das nossas capacidades" (…)

O Ensaio inclui um ataque à perspectiva platónica das ideias inatas, segundo a qual vimos ao mundo providos de uma visão daquilo que simplesmente redescobrimos. Por exemplo, Locke fazia notar que são princípios "aos quais toda a humanidade dá? assentimento universal". O seu ponto principal de argumentação era, contudo, que não havia necessidade de afirmar impressões inatas; os homens "apenas com uso das suas faculdades naturais, podem alcançar todo o conhecimento que tem. Assim, Locke reclamava a via empírica ou natural para todo o conhecimento, contra a tentativa racionalista e sobrenatural. O saber não era impresso, de uma vez por todas, no cérebro do homem por acção de Deus, tinha que ser descoberto, pela experiência, no mundo. Este era o "caminho" da ciência do século XVII.

A teoria de Locke era, por isso, uma doutrina empirista. Defendia que a mente, na criança, está inteiramente em branco. Usou a frase "folha em branco, (tábua rasa). Locke formulou juntamente e a solução:

"Suponhamos que a mente é, por assim dizer, uma folha em branco desprovida de qualquer caracteres, sem nenhuma ideia; como vem ela a ser preenchida? Donde obtém esse vasto armazenamento que a imaginação activa e livre do homem aí gravou com uma variedade quase infinita? Donde tira ela todos os materiais da razão e do saber? A isto respondo eu, numa palavra - da EXPERIÊNCIA; é nela que todo o nosso conhecimento se funda e, em última instância, é dela própria que deriva".

O espírito, através da experiência, sofre do exterior impressões sensíveis. Estas impressões (que Locke chama, mais tarde, ideias) são depois organizadas pelo entendimento, de uma forma que Locke achou difícil de explicar, embora tenha feito uma tentativa audaciosa. Na realidade, acrescentou Locke, a experiência pode fornecer o entendimento com ideias derivadas quer da sensação quer da reflexão (isto é, "das operações internas dos nossos espíritos, percepcionadas e reflectidas por nós mesmos" (…) Com as próprias palavras de Locke: "Portanto, parece-me que o conhecimento não é senão a percepção da conexão e do acordo, ou do desacordo e mútua rejeição de qualquer das nossas ideias. Nisto somente consiste o conhecimento"
J. Bronowski, Bruce Mazlish, A Tradição Intelectual do Ocidente, Edições 70. (adaptado)

1. Explique motivo John Locke tem necessidade de "atacar" a teoria platónica das ideias.

2. Que concepção, acerca do conhecimento, está presente na convicção, de que a mente na criança está totalmente em branco.

3. Explicite os princípios filosóficos que subjazem a essa concepção.

Retirado do site Netprof.

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