sexta-feira, 31 de julho de 2009

Até sempre ...

Foram dois anos espectaculares em que vos vi crescer, amadurecer, brilhar ... foram o meu porto de abrigo nas horas mais difíceis ... provavelmente no próximo ano não estarei convosco ... por isso o meu muito obrigado por todos estes momentos, percorram o vosso caminho, nunca desistam, sejam e lutem para serem felizes e quero que saibam que isto não é um Adeus, mas um Até sempre porque ficarão eternamente no meu coração e na minha alma!

domingo, 22 de março de 2009

Ciência e Dogmatismo

Os defensores do cientismo, aliás actualmente em regressão perante as dificuldades reais da ciência, profetizam o triunfo dos métodos positivos chamados a resolver todos os problemas humanos. Nesta perspectiva messiânica, a ciência devia libertar a humanidade de qualquer obediência e formular os valores espirituais em termos definitivos. O grande sábio que foi Berthelot exprimia, sobre este assunto, as convicções do final do século XIX. A ciência, escrevia ele, "reclama hoje, simultaneamente, a direcção material e a direcção moral das sociedades. Sob o seu impulso, a civilização moderna avança cada vez mais rapidamente. (...) A ciência tudo domina: por si só ela presta serviços definitivos. Nenhum homem, nenhuma instituição, terá doravante uma autoridade durável, se não se conformar os seus ensinamentos. Esta afirmação dogmática de um processo ligado ao desenvolvimento da ciência parece-nos, hoje, pertencer às fantasias de uma ingénua e dourada lenda científica, que ninguém ousaria jamais tomar por sua conta. A ciência instrui-nos através de múltiplos desastres. As promessas da ciência são também ameaças. Em todo o caso, ela é incapaz de economizar qualquer escolha que se coloque à comunidade humana. Ela não anula nem a liberdade nem a responsabilidade da pessoa."
Georges Gusdorf, Mythe et Métaphysique; Flammarion, Paris, 1984, p. 322.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Falsificacionismo

"Outra saída para o problema da indução, pelo menos tal como ela afecta o tema do método científico, é negar que a indução seja a base do método científico. O falsificacionismo , a filosofia da ciência desenvolvida por Karl Popper (1902-1994), entre outros, ocasiona isso mesmo. Os falsificacionistas, defendem que a perspectiva simples da ciência está errada. Os cientistas não começam por fazer observações, começam com uma teoria. As teorias científicas e as chamadas leis da natureza não aspiram à verdade: ao invés, são tentativas especulativas de oferecer uma análise de vários aspectos da natureza. São conjecturas: suposições bem informadas, concebidas para serem melhores do que as teorias anteriores. Estas conjecturas são então sujeitas a testes experimentais. Mas estes testes têm um objectivo muito específico. Não pretendem demonstrar que a conjectura é verdadeira, mas antes demonstrar que é falsa. A ciência funciona tentando falsificar teorias, e não demonstrar que são verdadeiras. Qualquer teoria que se mostre ser falsa é abandonada ou, pelo menos falsificada. A ciência progride, assim, através de conjecturas e refutações. Nunca podemos ter a certeza, em relação a qualquer teoria, que ela é absolutamente verdadeira: em princípio qualquer teoria pode ser falsificada. Esta perspectiva parece adaptar-se bem ao progresso testemunhado na história da ciência: a visão ptolomaica do universo que coloca a Terra no seu centro, foi ultrapassada pela copernicana; a física de Newton foi ultrapassada pela física de Einstein. A falsificação tem pelo menos uma grande vantagem em relação à perspectiva simples da ciência: um único caso de falsificação é suficiente para mostrar que uma teoria não é satisfatória, ao passo que por mais observações que confirmem uma teoria, nunca podem ser suficientes para nos darem cem por cento de certeza de que a teoria será confirmada por todas as observações futuras. Esta é uma característica dos enunciados universais. Se digo "Todos os cisnes são brancos", basta a observação de um único cisne presto para refutar a minha teoria. Contudo, se eu observar dois milhões de cisnes brancos o próximo cisne que observar pode muito bem ser preto: por outras palavras, a generalização é muito mais fácil de refutar do que de demonstrar."Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Lisboa, Gradiva, 1998, pp.179-180

domingo, 15 de março de 2009

A perspectiva de Popper


"Outra saída para o problema da indução, pelo menos tal como ela afecta o tema do método científico, é negar que a indução seja a base do método científico. O falsificacionismo , a filosofia da ciência desenvolvida por Karl Popper (1902-1994), entre outros, ocasiona isso mesmo. Os falsificacionistas, defendem que a perspectiva simples da ciência está errada. Os cientistas não começam por fazer observações, começam com uma teoria. As teorias científicas e as chamadas leis da natureza não aspiram à verdade: ao invés, são tentativas especulativas de oferecer uma análise de vários aspectos da natureza. São conjecturas: suposições bem informadas, concebidas para serem melhores do que as teorias anteriores. Estas conjecturas são então sujeitas a testes experimentais. Mas estes testes têm um objectivo muito específico. Não pretendem demonstrar que a conjectura é verdadeira, mas antes demonstrar que é falsa. A ciência funciona tentando falsificar teorias, e não demonstrar que são verdadeiras. Qualquer teoria que se mostre ser falsa é abandonada ou, pelo menos falsificada. A ciência progride, assim, através de conjecturas e refutações. Nunca podemos ter a certeza, em relação a qualquer teoria, que ela é absolutamente verdadeira: em princípio qualquer teoria pode ser falsificada. Esta perspectiva parece adaptar-se bem ao progresso testemunhado na história da ciência: a visão ptolomaica do universo que coloca a Terra no seu centro, foi ultrapassada pela copernicana; a física de Newton foi ultrapassada pela física de Einstein. A falsificação tem pelo menos uma grande vantagem em relação à perspectiva simples da ciência: um único caso de falsificação é suficiente para mostrar que uma teoria não é satisfatória, ao passo que por mais observações que confirmem uma teoria, nunca podem ser suficientes para nos darem cem por cento de certeza de que a teoria será confirmada por todas as observações futuras. Esta é uma característica dos enunciados universais. Se digo "Todos os cisnes são brancos", basta a observação de um único cisne preto para refutar a minha teoria. Contudo, se eu observar dois milhões de cisnes brancos o próximo cisne que observar pode muito bem ser preto: por outras palavras, a generalização é muito mais fácil de refutar do que de demonstrar." Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Lisboa, Gradiva, 1998, pp.179-180


1. Explicitar a crítica à concepção tradicional de verificação da hipótese.

2. Relembrar as diferenças entre raciocínio indutivo e raciocínio dedutivo, bem como a questão que se coloca acerca da universalidade da premissa maior do raciocínio dedutivo - como saber que "Todos os X são…"

3. Enumerar:
a) Características do falsificacionismo implícitas no texto.

b) Vantagens do falsificacionismo, segundo o autor do texto.

c) Diferenças em relação às concepções tradicionais acerca da verificação das hipóteses, expressas no texto.

d) Explicação do progresso da ciência à luz do falsificacionismo, segundo o texto.

e) Implicações do falsificacionismo na concepção de verdade.

f) Razões que levam o autor do texto a aceitar o falsificacionismo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Raciocínio indutivo e dedutivo


"O critério de demarcação inerente à lógica indutiva - isto é, o dogma positivista do significado do sentido - equivale a exigir que todos os enunciados da ciência empírica (ou todos os enunciados com sentido) sejam susceptíveis de uma decisão definitiva com respeito à sua verdade e à sua falsidade, podemos dizer que têm de ser " decidíveis" de modo concludente. Isto quer dizer que têm de ter uma forma tal que seja logicamente possível tanto verificá-los como falsificá-los. Assim disse Schlick: (...) Um autêntico enunciado tem que ser susceptível de verificação concludente; e Waismann escreve ainda com maior claridade: Se não é possível determinar se um enunciado é verdadeiro, então carece inteiramente de sentido: pois o sentido possível de um enunciado é o método da sua verificação. Ora bem, na minha opinião, não existe nada que possa chamar-se indução. Portanto, será logicamente inadmissível a inferência de teorias a partir de enunciados singulares que estão verificados pela experiência (o que quer que seja que isto queira dizer). Assim, pois as teorias não são verificáveis empiricamente. Se queremos evitar o erro positivista que o nosso critério de demarcação elimina dos sistemas teóricos da ciência, devemos eleger um critério que nos permita admitir no domínio da ciência empírica inclusive enunciados que não podem verificar-se. Mas, certamente só admitirei um sistema entre os científicos ou empíricos se é susceptível de ser contrastado pela experiência. Estas considerações sugerem- nos que o critério de demarcação que temos de adoptar não é o da verificabilidade, mas o da falsicabilidade dos sistemas. Dito de outro modo: não exigirei que um sistema científico possa ser seleccionado, de uma vez para sempre, num sentido positivo; mas sim que seja susceptível de selecção num sentido negativo por meio de contrastes ou provas empíricas: há- de ser possível refutar pela experiência um sistema científico empírico. Karl Popper, A Responsabilidade do Cientista e outros Escritos, Publicações D. Quixote.


1. Como podemos segundo o texto "evitar o erro positivista"?

2. Quais é segundo o texto a eficácia do critério da verificabilidade?

terça-feira, 10 de março de 2009

Validade e verificabilidade das hipótese


A observação implica um corpo de precauções que levam a reflectir antes de olhar, que modificam pelo menos a primeira visão, de sorte que a primeira observação nunca é boa. A observação científica é sempre uma observação polémica; confirma ou infirma uma tese anterior, um esquema prévio, um plano de observação, mostra demonstrando, hierarquiza as aparências; transcende o imediato; reconstrói o real depois de reconstruído os seus esquemas. É claro que, quando passamos da observação à experimentação, o carácter polémico do conhecimento se torna ainda mais nítido: Então o fenómeno há-de ser escolhido, filtrado, depurado (...) Ora, os instrumentos não são outra coisa senão teorias materializadas. Do que resultam fenómenos impregnados de teoria. G. Bachelard


1. Quais os motivos que nos permitem afirmar que "a primeira observação nunca é boa"?

2. "A observação é sempre uma observação polémica"

2.1. Realce a importância do carácter polémico da observação para a construção da verdade científica.

3. "Os instrumentos não são outra coisa senão teorias materializadas"

3.1. Tendo presente este extracto, comente a importância que desempenha a teoria na elaboração do conhecimento científico.
Retirado do site Netprof.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Estatuto do conhecimento científico


TEXTO

Acredito que a teoria pelo menos alguma teoria ou expectativa rudimentar sempre vem primeiro; que ela sempre precede a observação; e que o papel fundamental das observações e dos testes experimentais é mostrar que algumas das nossas teorias são falsas e, assim, estimular-nos a produzir outras melhores. Consequentemente, afirmo que não partimos de observações, mas sempre de problemas de problemas práticos ou de uma teoria que caiu em dificuldades. Uma vez que defrontemos um problema, podemos começar a trabalhar nele. Podemos fazê-lo por meio de tentativas de duas espécies: podemos prosseguir tentando primeiro supor ou conjecturar uma solução para o nosso problema; e podemos depois tentar criticar a nossa suposição, habitualmente fraca. Às vezes, uma suposição ou uma conjectura podem suportar por certo tempo a nossa crítica e os nossos testes experimentais. Mas, via de regra, logo descobrimos que as nossas conjecturas podem ser refutadas, ou que não resolvem o nosso problema, ou que só o solucionam em parte; e verificamos que mesmo as melhores soluções aquelas capazes de resistir à crítica mais severa das mentes mais brilhantes e engenhosas logo dão origem a novas dificuldades, a novos problemas. Assim podemos dizer que o crescimento do conhecimento avança de velhos problemas para novos problemas, por meio de conjecturas e refutações. Karl Popper, Conhecimento Objectivo



1. Qual é a importância que se deve atribuir às teorias?

2. Diga em que consiste o papel das observações.

3. Refira qual a importância desempenhada pelo problema na investigação científica.



TEXTO

(...) a tentativa de tornar a ciência mais "racional" e mais precisa corre, como já vimos, o risco de a anular. A diferença entre a ciência e a metodologia, facto mais do que evidente ao longo da história, indica uma fraqueza da última, e talvez também das "leis da razão". Porque aquilo que surge como "desleixo", "caos" ou oportunismo quando referido a essas leis desempenha uma função da máxima importância no desenvolvimento dessas mesmas teorias que consideramos partes essenciais do nosso conhecimento da natureza. Esses "desvios, esses"erros", são pré-condições do progresso. Permitem ao conhecimento sobreviver no mundo complexo e difícil que habitamos, permite-nos continuarmos a ser agentes livres e felizes. Sem "caos" não há conhecimento. Sem que a razão seja repetidamente desautorizada não há progresso. As ideias que hoje formam a base da ciência só existem porque existiram no passado certas coisas como o preconceito, a imaginação, a paixão; porque essas coisas se opuseram à razão; e porque tiveram a possibilidade de seguir o seu caminho. Devemos por isso concluir que mesmo no interior da ciência a razão não pode nem deve ser autorizada a incluir tudo, tendo que ser frequentemente desrespeitada, ou eliminada, em benefício de outras instâncias. Não há uma única regra que permaneça válida em todas as circunstâncias nem qualquer instância para a qual possamos apelar a todo o momento. Paul Feyerabend, Contra o Método



1. Será um conhecimento científico um empreendimento inteiramente racional?

2. Quais os requisitos necessários para se possa falar em progresso no domínio científico?



TEXTO

O que eu achava mais impressionante e mais perigoso em certas teorias era a pretensão de elas serem 'verificadas' ou 'confirmadas' por um fluxo incessante de provas observacionais. E, na verdade, assim que se abriam os olhos, podia ver-se por toda a parte casos que constituíam verificações dessas teorias. Um marxista não era capaz de olhar para um jornal sem encontrar em todas as páginas, desde os artigos de fundo até aos anúncios, provas que constituíam verificações da luta de classes; e encontrá-las-ia sempre também (e em especial) naquilo que o jornal não dizia. E um psicanalista diria sem dúvida que todos os dias, ou até de hora a hora, estava a ver as suas teorias a serem verificadas por observações clínicas. Mas seriam essas teorias testáveis? Estariam realmente essas análises mais bem testadas do que, digamos, os horóscopos, frequentemente 'verificados' dos astrólogos? Que acontecimento, que se poderia conceber que, aos olhos dos seus aderentes, as falsificasse? Não eram todos os acontecimentos imagináveis 'verificações'? Era precisamente esse facto o facto de que essas análises batiam sempre certo, de que eram sempre verificadas que impressionava os seus aderentes. Comecei a pensar que essa aparente força era, na verdade, uma fraqueza e que todas essas 'verificações' eram demasiadamente pouco válidas para serem tomadas por argumentos. O método de procurar verificações parecia-me pouco válido parecia-me, na verdade, ser o método típico de uma pseudociência. Apercebi-me da necessidade de se distinguir, tão claramente quanto possível, este método de um outro método o método de testar uma teoria tão severamente quanto se for capaz , isto é, o método da crítica, o método de procurar casos que constituam falsificação. O método de procurar verificações não era apenas acrítico: promovia também uma atitude acrítica quer em quem expunha quer em quem lia. Ameaçava, assim, destruir a atitude da racionalidade, da argumentação crítica. Karl Popper, O Realismo e o Objectivo da Ciência



1. Deve uma teoria ser considerada científica pelo facto de ser regularmente verificada através de provas observacionais?

2. Como podemos demarcar uma teoria cientifica de uma teoria pseudocientífica?

3. Explique porque motivo o método de procura de verificações não é o mais conveniente para a ciência.

Retirado da site Netprof.