sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Os juízos

Entende-se por juízo o acto pelo qual o pensamento afirma ou nega uma relação entre conceitos. O juízo é sempre verdadeiro ou falso, quer pela relação de conceitos que enuncia quer pela sua ligação ao real expressa pelo verbo ser.


Há juízos analíticos e juízos sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles em que o predicado resulta da mera análise lógica do conceito correspondente ao sujeito do juízo. No juízo "Todos os casados são não-solteiros" o predicado já estava contido no conceito do sujeito. As definições são exemplos de juízos analíticos. A verdade destes juízos é independente da experiência (não preciso de perguntar a quem sei que é casado se é ou não solteiro) e são necessários ( quem é casado tem de ser não-solteiro). Assim, sendo dado um conceito , basta a actividade racional (análise) para elaborar um juízo analítico. Em suma, os juízos analíticos são juízos a priori , isto é, independentes da experiência.


Os juízos sintéticos são aqueles em que o predicado não pode obter-se pela simples análise lógica de um conceito. São juízos extensivos, aumentam o nosso conhecimento, não se limitando a explicitar conceitos já sabidos. Há dois tipos de juízos sintéticos: os juízos sintéticos a posteriori e os juízos sintéticos a priori . Os juízos sintéticos a posteriori são aqueles em que a atribuição de um predicado a um sujeito depende da experiência da observação. Por exemplo, "A mulher ribatejana é bela." Este juízo é sintético porque por mais que eu analise o sujeito, isto é, o conceito "mulher ribatejana", não deduzo necessariamente a qualidade "beleza". Não se pode dizer que pelo facto de ter nascido no Ribatejo a mulher ribatejana é bela. É um juízo a posteriori porque a atribuição do predicado "bela" à mulher ribatejana é o resultado da observação. A posteriori significa dependente da experiência. Os juízos sintéticos "a posteriori" são contingentes e particulares. Contingentes porque o que enunciam num determinado momento pode ser vardadeiro e noutro momento pode ser falso. São particulares pelas mesmas razões.
Os juízos sintéticos a priori distinguem-se dos juízos a posteriori porque a atribuição do predicado ao sujeito não deriva da experiência, isto é, faz-se independentemente da observação empírica. É universal e necessário: é verdadeiro para todos os casos independentemente do tempo e do lugar.
(Adaptado do livro Lógica 11º ano, de Luís Rodrigues)

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